sábado, 29 de dezembro de 2007

sentido

o silêncio gritante
das palavras não ditas
escolhas não feitas

a solidão pungente
imutável
permanente

a dor que fere
que corta
sangra

a ferida aberta
inflamada
necrosada

a alegria esquecida
de um sorriso franco
abraço apertado
beijo apaixonado

o prazer mundano
um refúgio
escolha
inevitável

a necessidade de sentir
de fazer
curtir
inadiável

tudo junto
dentro
grita

não há como ignorar
certas coisas nunca mudam
se a gente não mudar

tentar
sempre
só o que resta afinal

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Quem poderá me salvar?

Tentando me anestesiar
Pra não ter que sentir o que sinto
Não ter que pensar e não conseguir decidir

Desejar ir pra bem longe
Mas saber que ninguém pode me salvar de mim

Quero fugir dos problemas que eu inventei
Preciso encontrar um jeito de ser normal novamente

Não posso aceitar ter que continuar lidando com essa dor que me persegue
Que eu quero sarar mas que não me deixa nunca
Me impede de chorar, de botar pra fora toda a angústia da minha alma

Sinto que vou sufocar
Com esse silêncio
Essa coisa fria e oca que habita meu peito

Queria renascer
Em outro corpo
Outra mente


Pois ainda não descobri a cura para o meu mal
E também não consigo mais lidar com isso
As forças se esgotaram

As opções que se estendem não me agradam
Mas nada consegue mesmo me fazer sentir pior

Só queria achar um jeito de me livrar de mim

Desse câncer que me corrói as entranhas
Não do corpo
Mas do espírito

É como se eu nem estivesse mais aqui

Acho que é só a carcaça que se obriga a permanecer nesse mundo banal
Realizando suas tarefas e parecendo gente normal

Enquanto eu me autodestruo involuntariamente

Não sei se é punição
Pois não sei qual meu crime

Não ter domínio sobre meus pensamentos?
Ou não saber mais sentir?

Será que é só dor que me aguarda?
Não, não posso aceitar

Preciso tentar
Mas de onde tiro forças pra lutar?

Tá tudo estranho, escuro
Estou cega,
Me perdi no labirinto,
Não sei mais pra onde correr

Quero me esconder,
Dos meus pesadelos

Não consigo mais dormir,
Não quero mais acordar

Só queria sumir

Na verdade,
Me defender de mim.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

THE END

Não consigo achar tudo tão natural.
Essas coisas que não se explica,
Só se aceita.
Morte, velhice, etc.

Tudo normal,
O eterno ciclo,
Nascer, crescer, se ocupar, reproduzir, morrer...

Acho errado que não tenhamos escolha.
Tudo é apenas sentença,
Cada dia um dia a menos.
E tudo passa, vai e vem, continua, muda, acaba...

Meu cachorro tem 11 anos.
Não escuta quase nada mais,
Daqui a pouco não vai enxergar também.
Aí é só esperar pelo fim...

Isso mexe mesmo comigo,
Pois só agora me dou conta de que é o destino de todos
E um dia tudo vai embora e aí sim serei só eu no final, pela ordem natural.

A gente passa tanto tempo com as pessoas
Que nos acostumamos com aquela rotina,
Então nunca estamos preparados para perdê-las.
E geralmente só quando isso ocorre é que nos damos conta
Da importância que tinham em nossas vidas.

Me dói ver meu cachorro,
Que cresceu comigo,
Se acabando aos poucos,
Sem poder fazer nada.
Pior é constatar que vai ser assim com todos que amo,
E me sentir impotente diante de tudo...

Nessas horas que a gente vê que,
Por pior que o mundo possa ser,
Ninguém quer deixá-lo.
Somos também egoístas,
Pois não queremos perder quem gostamos.

Tudo tão normal,
Rotineiro, Cotidiano, Habitual,
Até que algo muda,
E aí tudo muda,
A gente muda.

A gente acorda daquela inércia,
Daquele costume,
E quer viver.

Então percebemos como tudo é tão frágil,
Que não temos mesmo controle nenhum,
Que decidimos buscar o que realmente importa,
O que é verdadeiro,
As pessoas e os sentimentos,
E não o que é material.

?

Às vezes a confusão é tanta que não sei nem como começar.
Escolher um foco, entre tantas coisas que me passam pela cabeça o tempo todo.
Bem, vou tentar...

Acho que sou o tipo de pessoa melancólica por natureza.
Aquele tipo que vê cabelo em ovo e não sabe curtir nada sem questionar.
Que tenta achar os porquês de coisas que nem sempre têm explicação.
E aí se entristece e se acostuma, gosta de ser assim.

A cada dia encontro novos ou rescucito velhos motivos para me preocupar.
Além das complicações normais da rotina, com a família,
Tenho que me perguntar a cada instante sobre tudo que faço, como me sinto...
E não é tão bom assim.

Gostaria de, por algum tempo, tirar umas férias de mim.
Dormir por um mês, sei lá,
Esperando que isso me deixasse mais relaxada.

Cansa mudar de idéia toda hora,
Pois, mesmo não gostando de monotonia,
Todos precisam ter algumas certezas.
E a minha única nesse instante é de que um dia vou morrer.
Mas não me cabe nem escolher em que momento...

Quero poder ter convicção das minhas escolhas,
Não só ideais,
Pois não vou mudar o mundo,
Preciso apenas decidir o rumo da minha vida.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Sen-sações

Preciso de cor, de luz, de som!

Preciso de ação, de emoção!

Preciso de gente, de bicho, de mar, de sol!

Preciso de vida, enfim.

O que eu quero(.?!...)

Eu que sempre tenho que refletir
Agora parece que desisti de me entender!

Tantas coisas adiadas
Que nem sei mais o que ainda é de verdade...

Acho que me prendo
De alguma forma a alguém que fui,
Já que é só o que conheço...

E não quero mais procurar respostas
Pra uma dúvida que nunca será sanada...

Mesmo as simples coisas do dia-a-dia
Me pergunto se têm que ser assim,
O porquê da rotina,
Minha necessidade de ter um plano traçado...

Como ocupar meu tempo,
É o que queria saber.

Sem sentir que tudo passa em vão...

Já que minha mente inquieta sempre será,
Só queria sentir que algo é real e sincero.

Quando saber se algo ainda nos comove
Ou deixou de ter sentido por se tornar realidade?!

Não se apegar às ilusões só pra não parecer vazia...

Às vezes acredito que minto pra mim mesma,
Fingindo não saber o óbvio,
Noutras parece que sou mesmo o que os outros vêem,
Mesmo que eu não me sinta assim...

Queria só poder achar algumas respostas pra velhas perguntas,
Esperando que as novas cheguem e voltem a me perturbar...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Aquilo que não se explica

Silêncio.
Escuridão.
Vazio.
Imensidão.

Tudo ou nada, tanto faz.
Fazer ou não fazer, tem diferença?
Mudar ou continuar, o que é pior...

Procurar ou só se conformar...
Em ser sempre assim.
Cansada e sem ilusões,
Continuo a buscar...

Algo que não sei com o que parece,
Aquilo que pode nem mesmo se revelar,
Mas que ainda insisto em querer desvendar...

Cada vez é mais difícil,
Deixar coisas pra trás,
Recuperar o que se perdeu,
E acompanhar tudo e todos.

Crescer e não se perder,
Tentar se achar e se encaixar,
Tudo muito complexo.

Queria ser uma pessoa fácil.
Mas tudo pra mim é difícil,
Coisas sem sentido não me atraem,
Pessoas apenas.

Acho que no fundo eu me perco
Com medo de encontrar
Alguém que não é tudo que eu queria ser.

Confusão.
Estranheza.
Vácuo.
Sem nexo.

Sei lá o que vem depois...