sexta-feira, 17 de julho de 2015

"Afundei no travesseiro e encarei o teto, revendo como exatamente as coisas tinham dado errado entre mim e Jeb. Como eu tinha parado de ser a garota dele. Eu sabia qual era a resposta óbvia (ruim, eca, não queria entrar nessa), mas não conseguia parar de analisar obsessivamente o que nos havia levado àquele ponto, pois mesmo antes da festa de Charlie, as coisas estavam menos do que ótimas entre nós. Não é que ele não me amava, porque eu sabia que ele amava. Quanto a mim, eu o amava tanto que doía.

O que nos separou, eu acho, foi o modo como demonstrávamos nosso amor. Ou, no caso de Jeb, o modo como ele não demonstrava - ao menos era assim que parecia para mim. De acordo com Tegan, que assistia muito ao programa do Dr. Phil, Jeb e eu falávamos línguas diferentes no amor.

Eu queria que Jeb fosse doce e romântico e carinhoso como havia sido na Starbucks quando me beijou pela primeira vez na véspera de Natal do ano anterior. Acabei conseguindo um emprego naquela mesma Starbucks no mês seguinte e lembro-me de pensar 'Que fofo, poderemos reviver nosso beijo de novo e de novo e de novo'.
Mas não vivemos, nem uma vez. Mesmo que ele passasse por lá o tempo todo e mesmo que eu sempre anunciasse com linguagem corporal que queria que ele me beijasse, o máximo que Jeb fazia era esticar o braço pelo balcão e puxar os laços do meu avental verde.
- Ei, garota do café - dizia ele. Era fofo, mas não... o suficiente.

Isso era só uma coisa. Havia outras também, como eu querer que ele ligasse para dizer boa noite todas as noites, e como ele se sentia mal com isso porque o apartamento dele era muito pequeno.
- Não quero que minha mãe me ouça todo meloso - explicava ele.

Ou como outros garotos não viam problema algum em segurar as mãos das namoradas pelos corredores do colégio, mas, sempre que eu pegava a mão de Jeb, ele dava um apertão rápido na minha e depois a soltava.
- Você não gosta de me tocar? - perguntei.
- Claro que gosto - respondeu ele. Os olhos de Jeb exibiam o aspecto que eu acho que estava tentando incitar, e, quando falou, a voz dele era seca. - Você sabe que gosto, Addie. Eu amo ficar com você. Mas só quero que nós estejamos sozinhos de verdade quando ficarmos sozinhos.

Por um bom tempo, mesmo que eu reparasse nessas coisas todas, na maioria das vezes eu ficava quieta. Não queria ser a namorada bebê chorona.
Mas, por volta do nosso aniversário de seis meses (dei a Jeb uma playlist com as músicas mais românticas do mundo; ele não me deu nada), algo ficou azedo dentro de mim. Foi uma droga, porque eu estava com um garoto que eu amava e queria que as coisas fossem perfeitas entre nós, mas não conseguia fazer tudo sozinha. E, se isso me tornava uma namorada bebê chorona, dane-se."

Lauren Myracle, Deixe a neve cair